Enquanto os olhos do mundo estão pousados no bebé que acaba de nascer
A Mãe da mãe só tem olhos para a filha
Recém-parida.
O papel de avó pode esperar
pois é a sua menina que chora
com os seios a vazar.
A mãe da mãe esfrega as roupinhas manchadas de cocó
varre o chão
garante o almoço
Compra pijamas de botão
lava os lençóis sujos de leite e sangue
Ela sabe como é duro se tornar mãe.
No silêncio da madrugada, pensa na filha, acordada.
Quantas vezes será que foi?
Aguentará a manhã com um sorriso?
Leva canjinha quentinha e o seu bolo favorito
Atarefada, a Mãe da mãe sofre em silêncio.
Em cada escolha da filha
Relembra-se das suas próprias escolhas
Diante da nova mãe, do novo bebé, muito leite e tanto colo, questiona tudo o que fez, no passado.
Mas o avô tempo... não volta para traz.
Se hoje é o que se tem, então hoje é o que é.
Olha nos olhos, traz pão e café.
Esse é o colo, esse é o leite.
Aqui e agora, presente.
A Mãe da mãe ajuda a filha a voar.
Cuida de tudo o que está nas suas mãos para que ela se reconstrua
E descubra a sua nova identidade.
Ela agora é mãe
mas será sempre filha
Toda a mãe recém-nascida precisa dos cuidados de outra mulher que entenda profundamente
o quanto este momento tem de arrebatador, frágilidade e beleza...
Foto da exposição “Escultura hiper-realista" A avó e o bebé
Texto de autor desconhecido retirado da pagina de -Ivanisa Correa Dinaroski
adaptado por Rute Alegria
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