quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Porquê honrar a Deusa?



Antes da sociedade se tornar Patriarcal e Deus passar a ser visto como o Pai, muito antes disso já existia o culto á grande Deusa

As mulheres eram consideradas sagradas porque tinham o dom de parir e de se multiplicarem.

A fertilidade feminina era honrada e celebrada tal como se celebravam as colheitas da mãe terra.

Esta qualidade geradora era recebida pela comunidade como uma bênção do divino, nestes tempos homens e mulheres sentiam-se parte do grande mistério da vida.

O poder da mulher estava ligado ao seu poder sexual e de procriação, eram também respeitadas como sacerdotisas e curandeiras

A partir da Grécia Antiga o patriarcado instalou-se e com ele novos símbolos e mitos foram criados, também as Deusas antigas adquiriram nova roupagem algumas foram mesmo absorvidas e outras demonizadas.

No entanto a energia do feminino sagrado, nunca se extinguiu ela tem sobrevivido até aos nossos dias através de diferentes cultos, na religião católica o feminino só tem espaço para os arquétipos da meretriz ou da santa.

Dentro do conceito de meretriz cabem todas as mulheres que dizem não, as que tem personalidade, que escolhem viver a sua sexualidade e o seu corpo de acordo com a sua vontade aquelas que acionam a sua vida e que não pretendem ser seguidoras de ninguém. Falam com os homens de igual para igual e não têm a pretensão de lhes agradar a qualquer custo.

O arquétipo da santa ou da boa mãe, é o único aceite na sociedade patriarcal, e dentro deste conceito está a imagem da mulher como ser frágil e dependente, sofredor, nutridor sem vontade ou vida própria que se deve subter à energia dominante com um sorriso.

O arquétipo da santa na sua dimensão de amor incondicional é muito importante como imagem inspiradora de empatia e altruísmo para a humanidade, no entanto acredito que não pode nem deve ser o único.

A energia da Deusa sobreviveu durante muitos séculos através do culto da virgem Maria e de todas as santas que são dimensões deste mesmo arquétipo.

Muitas igrejas Marianas foram erguidas em cima de antigos templos dedicados á Deusa.



Então podemos perguntar qual a pertinência de nos dias de hoje trabalharmos o sagrado feminino e qual a necessidade das mulheres comtemporâneas honrarem uma Deusa?

  • Toda a criação necessita de um polo masculino e de um feminino

  • O sagrado feminino não nega a existência de um Deus masculino, no entanto reclama o direito de honrar a Deusa.

  • Todos os filhos necessitam de um modelo de pai e mãe, se só existe um Deus masculino onde estão os modelos femininos?

  • A virgem Maria é um arquétipo maravilhoso da boa mãe, pode ser uma inspiração preciosa para nós mulheres para trabalharmos o altruísmo no entanto onde está aquela que represente as nossas sombras?

  • Deus pai manifesta a sua sombra e a sua ira sempre que os homens não cumprem a lei divina.

  • Nós mulheres também temos zonas negras, agressividade, pulsões, compulsões, paixões, vaidades etc, a Grande Mãe é composta por diversos arquétipos que vivem dentro de nós mulheres, as várias deusas compõem um variado leque da alma feminina, elas representam os vários papeis que nós representamos no nosso dia a dia, é muito importante que a mulher contemporânea recupere a imagem da divindade dentro de si.

  • É importante honrarmos e reconhecermos todas as dimensões da deusa, pois só dessa forma, conseguiremos retirar as mascaras para nós mesmas, e ativarmos a nossa energia de forma consciente.

  •  Se festejarmos e honrarmos a diversidade da Deusa mais facilmente o conseguiremos fazer também com nós mesmas bem como com todos aqueles que nos rodeiam.

  •  Será também mais fácil reconhecer em nós defeitos e virtudes, reconheceremos melhor os nossos dons, viveremos em maior consonância, com a nossa alma e seremos melhores trabalhadoras, amantes, amigas, filhas e mães etc

  •  Se virmos a deusa espelhada nos nossos olhos conseguiremos também vê-la nos olhos das nossas irmãs e acabaremos com a disputa tola pela atenção masculina.

  • Traremos também um energia mais ecológica e amorosa para o mundo.

O culto da energia feminina não é só benéfico para as mulheres mas também para os homens que queiram trabalhar dentro de si a sua energia feminina, equilibrando os polos masculino e feminino.

Nas vivências do sagrado feminino as mulheres sentem-se apoiadas, sustentadas não só pela energia da Deusa como pelas irmãs do círculo.

Estes encontros podem ser terapêuticos para a psique feminina mas o seu valor reside essencialmente na sua dimensão espiritual.

Os trabalhos desenvolvidos no culto da Deusa tem como objectivo principal a elevação espiritual de quem os pratica, elevando a sua consciência transmutando energias que jazem na sombra da sua alma, promovendo não só a individuação da psique mas também a elevação da alma ajudando-a a subir para um patamar menos matrialista e egótico.

Quanto mais arquétipos forem reconhecidos e integrados mais condições teremos para nos vermos a nós mesmos sem mascaras ou ilusões.

Este é um trabalho que deve ser feito com abertura e devoção pelo divino que existe em nós.

Qualquer pessoa que consiga ver-se a si mesma com extremo amor e devoção quererá doar esse amor ao mundo.

A pessoa egótica por norma não se ama, ela anseia desesperadamente pelo amor alheio.

Ela quer ser venerada pelos outros para alimentar o seu plexo solar, enquanto que alguém que reconheça a centelha de deus pai-mãe em si vai preservar-se, respeitar-se, honrar o místério da vida e levar essa luz espontaneamente a todos os que se cruzarem consigo.


E é por todas estas razões que considero importante que cada vez mais mulheres se sentem em círculo e que o façam de forma preparada e consciente.

Pelo que senti a necessidade de criar um curso de facilitadora de círculos sagrados onde iremos aprender como criar e facilitar circulos Sagrados, estas práticas têm raizes profundas em várias tradições xamânicas de sabedoria milenar e adaptados ás necessidades contemporâneas.




Espero que tenha sido útil esta informação

 com amor

Rute Alegria





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