terça-feira, 9 de julho de 2019

As mamas como tabu

Mamas, peitos, seios, palavras com maior ou menor eufemismo para descrever uma zona do corpo comum a homens e mulheres.
A grande diferença está em que as mamas ou seios no feminino têm a sua função desenvolvida, permitindo á mulher ser “terra” e “água” alquimica, fonte mágica de alimento para outro ser humano através da amamentação.
Para a mulher as suas mamas são símbolo de amor, das suas emoções, criatividade, beleza, nutrição e principalmente de vergonha.
Se pararem para pensar na essência desta questão vão perceber o quão castradora é a sociedade em relação a este tema, nós mulheres desde que nascemos que nos incutem a vergonha dos mamilos, através do exemplo da nossa linhagem feminina que se esconde e que nos incita a vestir sutiãs na praia desde tenra idade, altura em que não existe nenhuma diferença entre as mamas de um menino das de uma menina, bem como do sigilo e tabu que envolve e vela desde o nascimento á morte os seios de uma mulher.
Atualmente através da castração massiva nas redes sociais, este sentimento de repudio pelos mamilos tem aumentado fazendo com que nos sintamos socialmente ainda mais envergonhadas da nossa natureza.
Por que razão os homens podem andar em tronco nu, expondo os seus mamilos ao ar beneficiando-os da poderosa energia solar e nós mulheres somos excluídas desse beneficio?
É de conhecimento geral que existem praias naturistas, tal como existem praias para cães ou zonas de fumadores, mas se pensarmos profundamente, esta distinção é unicamente cultural não tem nenhum fundamento ético!
Em inúmeras tribos os mamilos da mulher são aceites como parte integrante do seu corpo, não existe nenhuma imposição social que limite a sua expressão e liberdade.
Aconteceu-me recentemente a seguinte situação: ao publicar um documentário sobre a Amazónia no facebook, fui bloqueada sem direito a resposta, durante o periodo de um mês por desrespeito á comunidade facebook.
Fui condenada por conteúdo obsceno, pois tive a lata de publicar umas quantas mulheres indias que não vestiam o tão respeitado sutiã, esse grande estrangulador dos gestos do feminino...


Este bloqueio fez-me refletir profundamente sobre o meu papel como mulher contemporânea.

O que temos nós feito pelo direito de expressão?


Considero que a geração da minha avó nos anos 60, foi muito mais alinhada com a sua liberdade do que será a geração das raparigas que estão a nascer em pleno sec. XXl, treinadas para “parecer” e não para “ser”, empurradas para correr atrás da aceitação coletiva, em redes sociais que fingem que as amam.


Depois no final do dia vão para a cama sozinhas agarradas á ilusão que têm 3000 amigos que gostam delas e que se importam com o que estão a sentir...


Como esta é uma herança deixada por nós aos que estão por vir, faço este apelo:


Reflecte sobre esta questão, pergunta ao teu peito, aos teus mamilos ás tuas mamas como se sentem perante tanta castração social, se és homem reflecte também a fundo sobre este assunto e pergunta a ti mesmo o que representam as mamas para ti e o que sentes quanto a esta imagem de zona tabu do feminino


Neste momento estou na Alemanha com um trabalho de performance, que vem precisamente falar da questão do corpo velado e do feminino silenciado chama-se: "BURCAS A OCIDENTE" e estreia amanhã em Bochum


Não te esqueças: 
O nosso corpo é puro e só deverá ser silenciado quando a mãe terra o comer...






Com amor


Rute Alegria
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